segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Ao Meu Pai



 Pai


Sabes,
Às vezes esqueço-me de ti
E deixo de te falar daqui
Foste meu herói juvenil
E isso não é nada gentil

Recordo com devoção
Invade-me a emoção
Tua arribada diária
Jornal sobre o braço
Em romaria corria
Colhia terno abraço

Pela tua mão me levaste
Ao futebol tua paixão
Muito caro pagaste
Essa tua inclinação
Mas hoje nessa afeição
 Serias uma fascinação

Mas, Pai, ficou a veneração
Uma acertada instrução
Creio que boa formação
Excelente aproximação

Não obstante o traço
Achei-te algo inconstante
Mas em nenhum instante
Questionei o teu regaço

Sei também que sofrias
De algumas agonias
Desconhecia suas origens
Em meio não as entendia
Hoje estou em sincronia
Mesmo nas suas clivagens

Ocorreu aquele horror
Perdido o grande amor
Lobriguei teu vasto agror
Mas tão logo se divinizou
Sabes muito melhor que eu
Que tudo se relativizou

Perdoa então este filisteu
Que sempre te reconheceu
Como um bom androceu
Apenas ainda não se livrou
De sua incessante atrição
Jamais da tua depreciação
Pois sempre te idolatrou


JP-2014/Fev





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