quarta-feira, 4 de junho de 2014

A Vida é Mesmo Assim

A vida é mesmo assim


De petiz privo com astenias
Que neutralizam galhardias
Condicionando porfias
E me subtraem melhorias

E jazo enfadonhamente triste
Tal como a chuva que persiste
E que por tanto tempo capriche
Inundando minha alma de piche

Acho frescor por alguns dias
Tentando acatar SEUS augúrios
Mas de azedias em azedias
Pairo sobre os meus murmúrios

Considero-me prisioneiro
Em sedoso laço traiçoeiro
De baraços morais e matreiros
  Ora mui amorais e vinagreiros

Vacilo entre adoção e negação
Surdindo ora em vórtices ventosos
Que aqui e ali viram rabiosos
Ou na paz turva desta amarração

Perante esta diária inquietação
 Pese recolher solidarização
Sucumbo mil e uma vezes à tensão
Tolhido por tão dormente procissão

Vocifera então meu âmago
Perante tamanha judiação
 Introduz no meu sarcófago
Uma pesada desconsolação

Interrogo-me vezes sem conta
Exacerbarei eu esta afronta?
Não raro visto a vestimenta
Noutras recuso a fardamenta

Sinto que a vida passa ao lado
E que de todo não é a minha
É antes uma simples gavinha
Não sei se o que falta é coragem
Se sou eu que de tão ajaulado
Me vergo a enfermiça vassalagem

Mas a vida é mesmo assim.
Segredo é dizer-lhe que sim
Aceitá-la como um festim
Pra se obter bom marfim
E chegarmos ao galarim
O que é difícil. Por fim


JP


Junho/2014