sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Ser



SER


Que estou a fazer?

A deixar correr?

Afora me entreter

Não tenho afazer

Isso faz ranger


Não desisti de ter

Possuo pouco crer

Deste meu ser

E disso incorrer

Em malquerer


Incende o corroer

E ao entardecer

Já a empalidecer

Vacilo no escolher


De espírito a evolver

E o corpo a ceder

Contender ou render?

Eis  o aprender


Qual prevalecer

Sem o querer

Vai esvaecer

Aquele arder

Fazer doer

Me adormecer


Se arremeter

Sinto o reviver

Físico a sofrer

Vigor a perder

Cauto esquecer


Começo a remoer

Melhor que adoecer

Padecer ou conter

Até mesmo carecer

É acabar de viver


JP


Dez/15

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Serenidades

Serenidades

Desperto ressacado
Comprimido tomado
Bastante vacilante
Ergo-me relutante

Recheado de afazeres
Um chuveiro apressado
Almoço alguns prazeres
Saio de casa acelerado

Alvejo a  rotineira Luena
Prós trabalhos matinais
Um desvio e uma novena
Junto de uns novos cais

Dirijo-me ao sapateiro
Passo pelo costureiro
Vou ainda ao tabaqueiro
Exausto eis o pasteleiro

Uno  esforços ao Manel
Trabalhamos o papel
Já com a nossa cafeína
Ao lado da Zu menina

Resmungamos do patrão
Augusto um malandrão
Sofremos um calorão
Pra ele poupar um tostão

Vem Gracinda afogueada
Clamando suas netinhas
Questionando pela Manela
Receando que não vinhas

Também aparece o Abel
Dando corda ao pincel
Multiplos faz no jornal
Consumindo-se afinal

Odorados pelos esturgidos
Pelo Gusto sempre oferecidos
Esgotamos últimas energias
Pra  conservar nossas sinergias

Esfalfado por tanto labor
Com  o escorrer do pendor
E já quase a falhar o motor
Procuro furtar-me ao fedor

Constatando meu cansaço
Evitando maior derreaço
Boleia houve quem desse
Para obstar a mais stress

JP


SET/2015

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Anadia



Os Primos de Anadia


Em lua de mel precoce
Escolhemos vosso ninho
A guarida foi sempre doce
Na ocasião com mais carinho


Não obstante
Estivemos distantes.
Não acho justificação
Mas nestes instantes
Abro-vos o meu coração


Em perpétuas saudades
Só os trilhos das toleimas
Desviaram confinidades
Ser presente nas esgrimas


Mas eis que noutros desvios
Revejo vosso terno sorriso
E é perante novos convívios
Que verifico meu pouco siso


Perdoem este primo ausente
Pela via destes novos amigos
Espera ser mais luzente
                                                           E redimir-se sem castigos



JP


25/Ago/2015

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Nem Tu Senhor



Nem Tu Senhor


Subitamente fez-se escuro
Nas profundezas do imaturo
Sumira-se o regaço do andarilho
Revolteei então no pecadilho
Remoendo o fel fétido do sarilho

Renegado o  latrocínio
Rosnava meu infortúnio
Numa vagueação infindável
Enjeitava o insuportável
De tão amargo e abominável

Muitas vezes Dele duvidei
Outras ocasiões O esqueci
Em tantas O incompreendi
Imensas  não O reconheci
E em quantas mil enraiveci

A luzerna voltou a soltar rama
Alumiou-se a ténue chama
Desvanecida no decurso da trama
Deflagrando atraente clareação
Com elevado amor e exaltação

Mas fundura triste traça
Aquela outrora criança
Pois soldada à sua braça
Ceifando alma chagada
Rilhava herança gelada

Nesse inacabável orfanato
Ao entardecer Ele me fez ver
Apenas se tratou de um hiato
Que se apressou a preencher

A oferta deveras sublime
Calibrada de namoratório
Compreensão e recreatório
Foi-o para o resto do vime

E manteve-me o carácter
Da individualidade ter
E como sempre quis ser
Vivendo cada dia a ter

Foi nestes complexos hipogeus
Ou evidente desígnio de Deus
Ora odiável ora agradável
Que me encontrei adaptável

Sinto-me grato pelas Suas talhas
E consciente que noutras escolhas
Pelas fraquezas das minhas penas
Tudo seria diferente. Farpas apenas

Bendigo Sua custódia
Gabo Sua misericórdia
Louvo Sua sabedoria
Elogio Sua benfeitoria

Mas não consigo entender
Nem sequer esquecer
Tão pouco abranger
Muito menos responder

Jorros de pranto
Vagas de encanto
Ganhando tanto
Perdendo tanto

Alguém me explica?
Nem Tu Meu Senhor?

JP


Jul/2015




quinta-feira, 9 de julho de 2015

A Adega do Engenheiro



Adega Velha/Adega do Engenheiro


Fui ao Alentejo
Perseguir um almejo
O Alqueva conhecer
Do castelo ao amanhecer


Quedei-me maravilhado
Em paisagem de estarrecer
Saí de lá acalorado
De tanto me derreter


Segui bem regalado
Em caminho programado
Entrei no povoado
Já muito esfomeado


Avinhado por amigo
Em Mourão dei comigo
Na tasca do engenheiro
Fruindo bom petisqueiro


Na frescura do botequim
Autentico festim e galarim
Descobri uma decoração
De pitoresca imaginação


Ante duas quistas
A dos excurcionistas
E a dos culinaristas
Voltarei a estas borguistas
Mais depressa pelas alpistas
Do que pelas belas vistas


JP
Jul/2015