segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Miragaia


MIRAGAIA


Nesta bela Casa

Sua gente abrasa

Até extravasa

Seus corações em brasa

Desde a dona da casa

Sempre amistosa

Á cozinha elogiosa


Partimos

E hora de ir embora

Sem grande demora

Regressando na aurora 

Se não nos derem o fora.


JP Ago 2019

terça-feira, 20 de outubro de 2020

A Atormentadora

 



A AT0RMENTADORA

 

 Acosta no coração

Indelével como a respiração

Torna- se enfadonha

É peçonha

E tal como a era

Enraíza-se megera


Mesmo sem sustento

Trepa espinhenta

Brota rebento

Sedimenta

Cria muramento 

Atormenta



Esconde- se. Pausa.

Reclusa

Receia a causa

Mascara-se reprimida

Emerge inibida

Chega a ser desabrida 



Revela-se ditadora

Abusando hora á hora 

Pelo espírito afora

Agressora 

Invasora 

Usurpadora



Sempre adulteradora

Nunca redentora



Out/2020

JP

 


quarta-feira, 14 de outubro de 2020

A Cegueira Egocentrista

 

A CEGUEIRA EGOCENTRISTA

 

Na vida o que mais existe são imperfeições.

Entre humanos que se decepcionam uns com os outros são frequentes.

Cada ego é diferente no conteúdo e em amplitude. Estruturalmente são análogos. Operam da mesma forma. Diferem realmente e sobretudo à superfície.

O egocentrismo atinge-nos a  todos mas cria raízes de forma desigual.

 O seu "culto" ofusca a nossa própria inteligência consciente (?) dada a forma amplificada como se posiciona.

Os egócêntricos não concebem nem sequer admitem que as suas razões não representam todas as argumentações. Eles nem reconhecem a existência dos fundamentos dos outros isto é; dentro da sua concepção mental são incapazes de, na sua cegueira altiva e encaroçada, vislumbrar o senso dos outros. Independentemente da validade da sua justiça ser de facto a mais racional de todas as razões, inclusive a da prova escrita. 

A razão " total" existe apenas no tribunal dos homens. E nem sempre.

E como "ter razão" é o Seu Alimento o ego possui "sempre a razão" e mais força.

Por vezes, direi mesmo em variadas circunstâncias, a falta detectada nos outros nem sequer existe. É um erro de interpretação da mente condicionada para ver inimigos e para sentir-se superior. São incapazes de fazer a distinção entre um acontecimento e a sua própria reacção a esse mesmo acontecimentos.

Os egotistas chegam ao ponto de não se aperceber, não se ralar e até esquecer que o seu teimoso individualismo vai, directa ou indirectamente infligir agonia, tristeza, mal estar e estresse a pessoas que lhe são caras e consideradas e que nada tem a ver com "suas" razões parciais ou totais.

Eles não tentam sequer perceber que é proibido não tentar compreender os outros.

Orgulho acima de tudo e por cima de todos. Eis o seu lema. Cegueira profunda. Fácil de achar nos outros difícil de descortinar no próprio. Egos superlativos que dentro de si acham que se alojam respostas assertivas e exclusivas para tudo. Detentores da verdade. Auto convencidos.  

Consideram-se certos e os outros errados. Mas esta forma de pensar representa um dos essenciais padrões mentais egoístas constituindo uma das principais formas de inconsciência. Incapazes de compreender que outra perspetiva ou outra história podem coexistir e até serem válidas como já acima o dizíamos.

Em vez de usarem o pensamento são dominados pelo pensamento.

Optam por estar certos do que em paz.

A egolatria cultiva ressentimentos e mágoas pueris não hesitando em activar a labareda mesmo quando esta já lavra. Atiça-a lançando- lhe achas sem sentido ora com palavras, ora com escritos  e ora com omissões. É o combustível que perpetua a querela. Alimenta as feridas abertas com sentimentos mesquinhos. No calor das diferenças baixar o tom, tentar ouvir ou mesmo calar é sinal de inteligência pois reduz à nascença o calor das desavenças, tornando-as meras cinzas facilmente removíveis.

Ficar em silêncio não sendo a solução ideal é, pelo menos em determinados períodos, a escolha acertada

Parafraseando um escritor direi que o silêncio é a linguagem de Deus o resto é uma má tradução. Logo deixem-se delas até por que uma má interpretação precipita uma péssima tradução. 

Mas os egos não sossegam. Chafurdam em mágoas das quais recebem ainda mais alimento. Recrudescem os rancores. Desperdiçam tempo c/ enfados e brigas.

Destroçam e fracturam qualquer família ou grupo de amigos.

Olvidam que ressentimento é também como beber uma quantidade excessiva de álcool e esperar que o " inimigo" fique embriagado. 

O feudo de paz que uma família deve ser contorcesse no sentido de evitar que a maleita dela se apodere e apeçonhe todos consternando-os, causando- lhes amarguras silenciosas, ânsias, achaques e indisposições físicas, emocionais e espirituais. Um mal estar quase indisfarçável   instala-se. Esperançosa e estoica esta resiste. Sussurra gemidos. Range perante a insensibilidade.

Ingloriamente.

Mas os ególatras são especialistas em fazer de conta. É a sua maior da atrocidade. Agem como a gota inodora, insípida e fraca de arsénio q discreta e diariamente o algoz versa no copo e que lenta segura e progressivamente vai corroendo e enfraquecendo as entranhas do seu alvo. Este posicionamento irá  "cancerar" o próprio e quem os rodeia. Mês após mês. Semana a seguir a semana. Dia atrás de dia. Subitamente, numa fatídica hora, atinge alguém mais vulnerável e mais fraco. Alguém que ao longo dos tempos chorou. Sempre. Para o seu recanto. Silenciosamente. Ora vertendo lágrimas escorrendo pela face cavando-lhe a ruga do desgosto, ora fazendo-as brotar do coração. E em muitos caos em simultaneo.

O tempo em muitas ocasiões encarrega-se de colocar tudo em ordem só que a família já não tem tempo.  Nem ordem. Perdeu- se. Caiem então em si. E nem sempre. Mas quando tal sucede tomam consciência da pequenez das suas zangas sem sentido, da falta de generosidade que apregoaram e do contributo irreflectido para o acontecido. Será tarde. Remorsos e tristezas perseguirão então os egocêntricos. Faltar-lhes-ão paz para o resto da vida.

São incapazes de entender que o seu ego foi e é um impostor deles próprios. Obviamente uma disfunção do ser humano. 

Raramente os motivos que os perturbam são aqueles que pensam.

Pedir perdão, acto difícil e que exige invulgar coragem, salvará a vida familiar. Perdoar até pode não ser esquecer. Mas o primeiro a esquecer será o mais feliz. Pedir perdão pode até parecer humilhação. Perdão é sinónimo de não reacção e esta não é sinal de fraqueza mas sim de força. Já Jesus dizia" todo aquele que se exalta será humilhado e o que se humilha será exaltado".

Relevar é pois sinal de cura. Faz desaparecer a animosidade. Saber perdoar é substituir a dor por amor. Forma única de evitar que a família se torne um redondel de vazios sem sentido, mal entendidos, hostilidades, azedumes e mazelas.

Família é uma criação divina. Lugar de bem estar e de alegrias. Território revigorante e não escalada de doença. Planície de alegrias e confraternizações. Anfiteatro amplo e aberto a tudo o que emana da alma. Ao perdão. Á paz própria dos corações.

Jamais á confrontação seja ela oral, escrita ou enganadora e silenciosamente latente. 

A exculpação verdadeira a que vem do coração liberta, pois é uma ajuda de Deus.

Indulgência vem então do fundo do coração.

Melindre respinga da mente enganosa, orgulhosa e putosa.

Ah como seria bom se pudesse acabar com as guerras que se travam nas mentes humanas nem que fosse por uns segundinhos.

SET/2020

JP

Revisto em Fev/Mar 2021







E o Gustavo encomendado

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Talhas da Vida

 

Talha Da Vida


Estadia estival

Deveras especial

Decorreu em S.Miguel 

Frui meigo sabor a mel


Em casa bordada

D'afabilidade dourada

Desfrutei regalo espiritual 

Raiando o sobrenatural


Se assim não fosse

O singular vigor doce

Vergaria ás zonzeiras

De tantas tremedeiras


Em cenário de partida

Pouco sofrida

Uma acrescida

Foi concedida

Sem explicação conhecida

Apenas uma visão "escolhida"


Está um ano volvido

Jamais será esquecido

Deu- se talha na vida

Divinamente esculpida



Estadia em S. Miguel de 29 Agosto a 05 de Setembro de 2019  com Manuela e os irmãos Ana Maria e Zé Mário.


JP

05/2020

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Marta

 


 

Aniversário 4


 Uma filha carinhosa

Também generosa

Virou mãe primorosa 

E muito garbosa

Deu-nos neta preciosa

E muito amorosa


JP/ 08/Jul/20 

Saudades

 Saudade


Que belo abraço

Bom sentir o laço

Mas nada como o regaço

Para estreitar o melaço


JP/26/Jul/20



Nuvens

 

Nuvens


Em corpos incólumes

Mudos de queixumes

Coexistem feridas

Incultas e enrustidas

Fendem silenciosamente

Erodindo a própria mente


Escondem- se traiçoeiras

Nas profundezas do ser

Viram até feiticeiras

Pois antes de nos acometer

Nos fazem crer

São nuvens a esvaecer


Sem concebermos

Sofremos

Com o mal que lá por dentro temos

Desassossegados

Gretados

Acabrunhados


Murchamos

Secos não choramos

Quase desraizamos

Ás vezes espigamos

Resistimos.Sonhamos


Até que avelhamos


11Ago/20

JP

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Pandemia 1


Prisioneiros

Agreste acalmia
Colou- se á pandemia
Ceifando a economia
Espelhada na rua
Gravada na loja nua
Pra sempre a perpétua

Que vida é esta 
Que nos confina a viver a vida,
Crianças enclausuradas
Em casa alarmadas
Pais despegados dos filhos
Evitando sarilhos

Olhando-nos de esguelha 
Medrosos de centelha
Qual ferrão d’abelha
E nos infecte a telha

Com um terror sociopata
Que nos destrata
Desafecto que mata
Sem nenhuma serenata

Que peste é esta
Que qos confina a viver a vida,
Em obscurantismo
Ávidos de iluminismo
Alentando o populismo
E cedendo ao estadismo

Perante futuro inglório
De previsível sanatório
Para todo o território
Hoje já um purgatório

Mas é notório
Inexistir oratório
Ou até reparatório
Para evitar um mortório


Maio 2020/13
JP



domingo, 19 de abril de 2020

Gustavo



GUSTAVO

Nasceu em Janeiro
Esbravejou o Fevereiro
Rabujou no terceiro
Abril já festivaleiro
Eis o Gustavo galreio
Que neto soalheiro

É neste mundo suspenso
E muito indefenso
Incapaz de um consenso
Que me sinto infenso
Ao coibir beijo imenso
Em menino tão intenso

Vejo- o a crescer 
A rir e a ser
A querer 
Sem já o conhecer
Sem o acolher
Nem nos braços o ter

Estar ausente
Cruel vírus demente
Situação rangente
E tão deprimente 
Que nos deixa carente
Deste novo descendente

Abr/2020/20
JP
  
(Trigésimo oitavo dia de confinação)