quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Portugal



Meu Portugal


Nasci em País certinho
E muito arrumadinho
Tudo parecia comezinho
Marchando devagarzinho

Nesta doce modorra
Embalado na masmorra
Menino era com honra
Mas inda com pichorra

Regido por Salazar
Que mandava rezar
Ao pobre conformar
A muitos não educar
Mil e um a emigrar
E a alguns silenciar

Tudo era uma boa farsa
Tudo era bem amorado
Quem mais era comparsa
Demais era enriquecido

Dei conta deste pantanal
Adolescente temperamental
Foi preciso guerra colonial
Pra me compenetrar de tal

Mas essa nação bajulatória
De súbito emancipatória,
Tornou-se laboratorial
Ao primeiro vacilatorial

Eclodiram os capitães
Aos primeiros vendavais
De seguida os generais 
Ao seu lado charlatães

Eis então os comunistas
Colados os oportunistas
Sucederam-se os exilados
E os recentes colonizados
Ulceraram este universo
Já bastante controverso

Milagre apregoam
As patuléias aproam
Eram Zeus a predizê-lo
Com o máximo repelo

De Carnaval em Carnaval
Fomos todos mascarando
Que mesmo sendo bandeiral
O melhor era ir assobiando

Transformado em vinagre
O tal refulgente milagre
Serve só os inconfiáveis
Com leis algo descartáveis

Achegam-se os corruptos
Afastam os consternados
Elites são banqueteadas
Afinal por meros putos
Todos mancomunados
Em miras abetumadas

Vagimos a desilusão
De tão soez actuação
A sem vergonha peçonha
Que sendo tão medonha
Nos mantem inda cediços
Em torpores algo mortiços

E nem mesmo mesmo agora
Que entra pelos olhos fora
E sempre foi doutrora
É reiteradamente o ruão
Que suporta com o gavião
Sem que surja uma rebelião

Há farta exasperação
Crê-se inda na socialização
Mas se não for o povão
Não serão os cabalistas
Jamais os neoliberalistas
Ou mesmo os esquerdistas
Que nos trarão conquistas
Nos libertarão

JP

2014/Fev

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