sexta-feira, 14 de março de 2014

Os Amigos do Amial



Os Amigos do Amial


Fui viver pró Amial
Era ainda criancinha
Parecia uma libelinha
Na sua nupcial ladainha
Foi tudo tão lagrimal
Mas muito mais brutal

Mas sei hoje com certeza
Muita da minha afoiteza
Advêm-me da nobreza
Dos amigos de verdade
Que dando-me liberdade
Prenderam-me pra eternidade

Mudança alfim fulcral
Na formação doutrinal
Ao beber do Barbozal
Muita esperteza coloquial
Também seu lado fraternal
Perpetuamente umbilical

Em frente tinha os Sabinos
À primeira vista sem tinos
Do Rui apego descomunal
Da Nanita serenidade total
Do pai exemplos cristalinos
Afinal eram muito ladinos

Destaco os bailes das caves
Onde todos com entraves
Dançávamos músicas suaves
Sonhando novos amores
Conhecendo os sabores
De uns quantos desamores

Inolvido os jogos também
Poker e king como ninguém
Suecadas diárias com festim
Com o doutor a perder sem fim
Também sob a videira americana
Para nós droga como marijuana

Mas também

Do lago dos murmúrios
À via norte dos excitatórios
Caçando borboletas
Às corridas de bicicletas
Nos altos espigais
Ao arroz com pardais
Dos saltos nas obras
Às cabanas em manobras
Do óquei ao bueiro
Com tronco couve inteiro
Das conversas sem fim
Na relva do jardim
Das festas sanjoaninas
À saída das meninas

Algumas palavras porém
Aos que não ligava vintém
Pois mesmo algo espigado
Estava tão embrenhado
Em tomar meu bem-querer
Que não notava sequer
Os mais jovens angustiados
Mirando nossos folgados

Passaram-se várias décadas
Mantemo-nos prazenteiros,
Convivendo dias inteiros
Mergulhando em patuscadas
Renovando as amizades
Reforçando confinidades
Proclamando aos universos
Amigos! São incontroversos.


JP



Mar/2014

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