quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Um Amigo

 


18.10.24

Um Amigo


Falei com um amigo

Doente e internado

Deveras desanimado

Fiquei abismado


Foi um pranto

De triste canto

De desencanto

Enorme quebranto 


Nem o seu manto 

Coberto de santo

Sacrossanto

Evitou o amianto


Dói tanto

Porquanto

No meu recanto

Me dava tanto


Teimoso

E no entanto

Escutava-o com espanto

Era um encanto


Desnorteado

No jardim desfolhado

Suflou- se o brado

Esvaiu -se o agrado


Reanimado

Eis o amigo imortalizado



JP/Dez/24

Em Dez/24 reiniciei esta história em rimas que acabei nos 3 ou 4 primeiros dias do mês antes de saber as melhoras dele. Posteriormente acrescentei as 2 últimas linhas



sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

O Senhor António

 



O Senhor António


Tantas

Nem sei quantas

Por ti passei

Olhar fugidio

Fingi que não vi

Mas algo reti

Coisa diferente em ti 

Por segundos atentei 

Tão logo me esgueirei


Aqui e ali

Tua imagem não bani

Não a absorvi

Nem a extingui

Nem me envolvi


De súbito entendi 

Postura a que assisti

Teu olhar que depreendi

Desta feita vi

Um náufrago ali


Te questionei 

Em teus olhos desolados

Li as sangrias

O desespero que sentias

As injustiças que rangias 

As impotências frias

E como te doías


Golpes  cortantes

De ventos cruentes 

Fustigado e vergado

Na lama jorrado

Lambias feridas

Ciciando agonias


Energias

Detinhas 

Não te torcias

Reagias

Orgulho sustinhas

Não te rendias


Pois

As cepas das tuas vinhas

Mondadas de folhas e ramos

Podadas dos engaços

e cachos 

Ainda contém os viços

Crês no brotar dos rebentos

Promessa de primavera

Que o eminente mortório

A torna numa quimera.


Implacável o tempo passa.


JP/Out/Nov/Dez2024




Maleita

  

Maleita


Vivo com uma maleita

Que de Abril espreita

Desde então me enfeita

Sem saber de que é feita


É imperfeita

E tão suspeita

E insatisfeita

Que não endireita


Começa a ser atreita

Ou pior assaz afeita

Mesmo coisa feita

Virando uma seita


Rejeito o seu culto

Neste corpo adulto

Existe um mau vulto

Atribuo- lhe indulto


Não matuto

Nem discuto

Não desfruto

Nem imputo


Como ser cerebral

Creio na conexão não causal

Na criatividade divinal

Na inteligência universal


Mesmo na imortal

Faz parte da conexão não causal.



JP/09.11.24