MIRAGAIA
Nesta bela Casa
Sua gente abrasa
Até extravasa
Seus corações em brasa
Desde a dona da casa
Sempre amistosa
Á cozinha elogiosa
Partimos
E hora de ir embora
Sem grande demora
Regressando na aurora
Se não nos derem o fora.
JP/Ago/2019
MIRAGAIA
Nesta bela Casa
Sua gente abrasa
Até extravasa
Seus corações em brasa
Desde a dona da casa
Sempre amistosa
Á cozinha elogiosa
Partimos
E hora de ir embora
Sem grande demora
Regressando na aurora
Se não nos derem o fora.
JP/Ago/2019
A AT0RMENTADORA
Indelével como a
respiração
Torna- se
enfadonha
É peçonha
E tal como a era
Enraíza-se
megera
Mesmo sem sustento
Trepa espinhenta
Brota rebento
Sedimenta
Cria
muramento
Atormenta
Esconde- se.
Pausa.
Reclusa
Receia a causa
Mascara-se
reprimida
Emerge inibida
Chega a ser
desabrida
Revela-se
ditadora
Abusando hora á
hora
Pelo espírito
afora
Agressora
Invasora
Usurpadora
Nunca redentora
JP/OUT/20
A CEGUEIRA EGOCENTRISTA
Na
vida o que mais existe são imperfeições.
Entre
humanos que se decepcionam uns com os outros são frequentes.
Cada ego é diferente no conteúdo e em amplitude. Estruturalmente são análogos. Operam da mesma forma. Diferem realmente e sobretudo à "superfície".
O egocentrismo atinge-nos a todos mas cria raízes de forma desigual.
Os egocêntricos não concebem nem sequer admitem que as suas razões não representam todas as argumentações. Eles nem reconhecem a existência dos fundamentos dos outros isto é; dentro da sua concepção mental são incapazes de, na sua cegueira altiva e encaroçada, vislumbrar o senso dos outros. Independentemente da validade da sua justiça ser de facto a mais racional de todas as razões, inclusive a da prova escrita.
A razão " total" existe apenas no tribunal dos homens. E nem sempre.
E como "ter razão" é o Seu Alimento o ego possui "sempre a razão" e mais força.
Por vezes, direi mesmo em variadas circunstâncias, a falta detectada nos outros nem sequer existe. É um erro de interpretação da mente condicionada para ver inimigos e para sentir-se superior. São incapazes de fazer a distinção entre um acontecimento e a sua própria reacção a esse mesmo acontecimentos.
Os egotistas chegam ao ponto de não se aperceber, não se ralar e até esquecer que o seu teimoso individualismo vai, directa ou indirectamente infligir agonia, tristeza, mal estar e estresse a pessoas que lhe são caras e consideradas e que nada tem a ver com "suas" razões parciais ou totais.
Eles não tentam sequer perceber que é proibido não tentar compreender os outros.
Orgulho acima de tudo e por cima de todos. Eis o seu lema. Cegueira profunda. Fácil de achar nos outros difícil de descortinar no próprio. Egos superlativos que dentro de si acham que se alojam respostas assertivas e exclusivas para tudo. Detentores da verdade. Auto convencidos.
Consideram-se certos e os outros errados. Mas esta forma de pensar representa um dos essenciais padrões mentais egoístas constituindo uma das principais formas de inconsciência. Incapazes de compreender que outra perspetiva ou outra história podem coexistir e até serem válidas como já acima o dizíamos.
Em vez de usarem o pensamento são dominados pelo pensamento.
Optam por estar certos do que em paz.
A egolatria cultiva ressentimentos e mágoas pueris não hesitando em activar a labareda mesmo quando esta já lavra. Atiça-a lançando- lhe achas sem sentido ora com palavras, ora com escritos e ora com omissões. É o combustível que perpetua a querela. Alimenta as feridas abertas com sentimentos mesquinhos. No calor das diferenças baixar o tom, tentar ouvir ou mesmo calar é sinal de inteligência pois reduz à nascença o calor das desavenças, tornando-as meras cinzas facilmente removíveis.
Parafraseando um escritor direi que o silêncio é a linguagem de Deus o resto é uma má tradução. Logo deixem-se delas até por que uma má interpretação precipita uma péssima tradução.
Destroçam e fracturam qualquer família ou grupo de amigos.
Olvidam que ressentimento é também como beber uma quantidade excessiva de álcool e esperar que o "
inimigo" fique embriagado.
O feudo de paz que uma família deve ser contorcesse no sentido de evitar que a maleita dela se apodere e apeçonhe todos consternando-os, causando- lhes amarguras silenciosas, ânsias, achaques e indisposições físicas, emocionais e espirituais. Um mal estar quase indisfarçável instala-se. Esperançosa e estoica esta resiste. Sussurra gemidos. Range perante a insensibilidade.
Ingloriamente.
Mas os ególatras são especialistas em fazer de conta. É a sua maior da atrocidade. Agem como a gota inodora, insípida e fraca de arsénio q discreta e diariamente o
algoz versa no copo e que lenta segura e progressivamente vai corroendo e
enfraquecendo as entranhas do seu alvo. Este posicionamento irá
"cancerar" o próprio e quem os rodeia.
O tempo em muitas ocasiões encarrega-se de colocar tudo em ordem só que a família já não tem tempo. Nem ordem. Perdeu- se. Caiem então em si. E nem sempre. Mas quando tal sucede tomam consciência da pequenez das suas zangas sem sentido, da falta de generosidade que apregoaram e do contributo irreflectido para o acontecido. Será tarde. Remorsos e tristezas perseguirão então os egocêntricos. Faltar-lhes-ão paz para o resto da vida.
São incapazes de entender que o seu ego foi e é um impostor deles próprios. Obviamente uma disfunção do ser humano.
Raramente os motivos que os perturbam são aqueles que pensam.
Pedir perdão, acto difícil e que exige invulgar coragem, salvará a vida familiar. Perdoar até pode não ser esquecer. Mas o primeiro a esquecer será o mais feliz. Pedir perdão pode até parecer humilhação. Perdão é sinónimo de não reacção e esta não é sinal de fraqueza mas sim de força. Já Jesus dizia" todo aquele que se exalta será humilhado e o que se humilha será exaltado".
Relevar é pois sinal de cura. Faz desaparecer a animosidade. Saber perdoar é substituir a dor por amor. Forma única de evitar que a família se torne um redondel de vazios sem sentido, mal entendidos, hostilidades, azedumes e mazelas.
Família é uma criação divina. Lugar de bem estar e de alegrias. Território revigorante e não escalada de doença. Planície de alegrias e confraternizações. Anfiteatro amplo e aberto a tudo o que emana da alma. Ao perdão. Á paz própria dos corações.
Jamais á confrontação seja ela oral, escrita ou enganadora e silenciosamente latente.
A
exculpação verdadeira a que vem do coração liberta, pois é uma ajuda de Deus.
Indulgência vem então do fundo do coração.
Melindre
respinga da mente enganosa, orgulhosa e putosa.
Ah como seria bom se pudesse acabar com as guerras que se travam nas mentes humanas nem que fosse por uns segundos.
JP/SET/2020
Revisto em Fev/Mar 2021
Talhas Da Vida
Estadia estival
Deveras especial
Decorreu em S.Miguel
Frui meigo sabor a mel
Em casa bordada
D'afabilidade dourada
Desfrutei regalo espiritual
Raiando o sobrenatural
Se assim não fosse
O singular vigor doce
Vergaria ás zonzeiras
De tantas tremedeiras
Em cenário de partida
Pouco sofrida
Uma acrescida
Foi concedida
Sem explicação conhecida
Apenas uma visão "escolhida"
Está um ano volvido
Jamais será esquecido
Deu- se talha na vida
Divinamente esculpida
JP/05/2020
Estadia em S. Miguel de 29.08 a 05.09. 2019 com Manuela e os irmãos Ana Maria e Zé Mário.
Aniversário
Uma filha carinhosa
Também generosa
Virou mãe primorosa
E muito garbosa
Deu-nos neta preciosa
E muito amorosa
JP/ 08/Jul/20
Saudade
Que belo abraço
Bom sentir o laço
Mas nada como o regaço
Para estreitar o melaço
JP/26/Jul/20
Nuvens
Em corpos incólumes
Mudos de queixumes
Coexistem feridas
Incultas e enrustidas
Fendem silenciosamente
Erodindo a própria mente
Escondem- se traiçoeiras
Nas profundezas do ser
Viram até feiticeiras
Pois antes de nos acometer
Nos fazem crer
São nuvens a esvaecer
Sem concebermos
Sofremos
Com o mal que lá por dentro temos
Desassossegados
Gretados
Acabrunhados
Murchamos
Secos não choramos
Quase desraizamos
Ás vezes espigamos
Resistimos. Sonhamos
Até que avelhamos
JP/11/Ago/20