sábado, 30 de junho de 2007

Apito Dourado II

Sou leitor de jornais especialmente desportivos desde pequeno. Viciado por meu pai, antigo jogador de futebol, fui habituado a ler, entre outros A Bola, vício que perdura já lá vão mais de 50 anos.
Nunca esperei deste diário isenção total como não espero dos outros mas sempre o entendi como o melhor. Vi sempre nele, as cores das letras falam por si, uma tendência de grande apoio ao SLB mas nem isso foi ou é ainda motivo para mudança pese preferir o azul.
A Bola ensinou-me que o nível das suas escolhas está virado a sul o que se percebe e quem não entender a aposta feita pela sua direcção em desigualdade de tratamento a nível de espaço jornalístico por que isso lhe traz mais leitores e mais lucros é não saber como funciona o mercado.

Mas A Bola também me “educou” quanto à sua forma de estar. A sua simpática política de preços. A dinâmica jornalística imprimindo um cunho de boa e oportuna crítica. Um bom jeito democrático. Uma certa forma de ensinar. Civismo, geografia, escrita entre outras. Apoio aos pequenos clubes, também. Nacionalista. O nome Portugal à frente de tudo. Este delineamento consolidou-se. Tornou-se a número um. Foi então que A Bola deliberadamente ousou “vanguardizar-se”como cavaleira andante dos bons usos e costumes, das liberdades e das verdades e das boas morais e maneiras, da representação nacional acima de tudo e todos. E tornou-se ímpar.

Mas em minha perspectiva surgem em A Bola, nestes últimos tempos, sinais cada vez mais fortes de certas omissões/ocultações propositadas ou não, desprezos, aparentes ou reais, possíveis favorecimentos e em especial desigualdade de tratamento a um nível que nada tem a ver com mercados mas com outros agrados instalados ou a instalar. Outras orientações certamente.
Na maioria das ocasiões privilegiando altos pergaminhos ao SLB em prejuízo de notícias de interesse nacional ou atirando para a ribalta outras sem querer olhar para o lado.

Vamos a um pequeno, actual e concreto exemplo. Na sua edição de 28.06.07 e na contra capa sob o título” MORGADO INVESTIGA TRANSFERÊNCIAS e com o subtítulo “Apito Dourado – Nova Frente Será Analisada Até Final Do Ano” devidamente enquadrada com uma foto do jogador do FCP- Pepe trajado a preceito por certo p/o acto, é publicada uma notícia digna de ser comentada.

Ao lê-la logo nasce de imediato perplexidade quanto às razões da sua publicação. A “nova” é requentada e creio até já editada neste e não sei em quantos mais publicações pelo menos no que à possível transferência “irregular “do dito atleta diz respeito. Porquê agora? Eis a questão. Por certo terá havido uma “boa” justificação mas mesmo dando-a de barato outras se levantam.

É inequívoca a mensagem que se quis passar. O FCP é único. É único no Apito Dourado (digo eu pelo que leio) e é único nas “más” transferências de jogadores. Pelo menos dos clubes grandes.


Vejamos o correr do ainda relativamente extenso artigo que a dado passo e perto do seu final diz e cito … “ A Bola sabe que o FCP não é o único clube da I Liga (o sublinhado é meu) cujas contas estão a ser analisadas pela ECPAD …”. Ai não? Curioso estávamos todos convencidos disso. Mas se não é o único onde está o nome dos outros?. As fotos dos outros? A que e a quem se deve este critério? O que se pretende atingir com a omissão/orientação/favorecimento?

Perplexo, questiono-me e interrogo-me. Mas é só o FCP? E porquê agora e outra vez? É que e para só falar de eventuais transferências irregulares de jogadores porque não falar, por exemplo, no caso Mantorras? Ou dos 5 futebolistas que se transferiram do Alverca para o SLB? Do Ronald Garcia? Do Sr. Veiga e seus “muchachos” que segundo alguma imprensa portuguesa está a ser investigado pela PJ francesa pelos mesmos motivos? Do Rochenback? Do Figo para o Real Madrid. Não serão temas de interesse? Mais atractivos até? Ou de facto para A Bola o que conta são exclusivamente as investigações do Apito Dourado que tem por alvo o FCP?
Eu reconheço.
Não é pecado. Não é anti democrático. Mas não é educativo.
É geográfico. Mas é bairrista não nacionalista. Não faz boa maneira bem pelo contrário. E o uso é de gosto duvidoso. Não é mentira, é verdade. Mas é verdade escolhida.
Tudo o que na A Bola abomino.
Isto é só um desabafo pois o que tá dar é: assobia pró ar que eu gosto. Tá na moda e serve interesses.

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