quarta-feira, 30 de abril de 2025

Inquietude

 


Inquietude



Cativa-me tudo

Nada me prende contudo

Na inutilidade de não ser

Dilui o devir e o ter


Muito conheço de mim

Mas viver é não saber de mim

É ver o outrem jardim 

Ter o coração assim


Mas após o motim 

Anuviado até ao fim

Um desavim

Não sei ser.Enfim


Escapa-se-me a vida


Em sorvedouro remanso

Naquele amplo lanço

Onde o rio corre manso

Já próximo do descanso


Às vezes sou diferente


Apesar da  frieza rotineira

Colada à minha eira

Eu amo a brincadeira


Gosto de humor

Logro fulgor

Perfumo cor e sabor


Rendo-me à meiguice

Ao ternura do carinho

Ao suave calor do ninho.


Gosto de ser alegre

Mas baixa- me a febre

Não consigo evitá- lo


Então resvalo

Entre eras e quimeras 

Ora beras ora severas


Me engelho


Mas algo haverá a fazer

Não deixar apodrecer

Salvar o que está a morrer

 

Vale a âncora da família

Lapidada joalharia

O afecto aos amigos

A fala do cérebro dos livros 


Para nos manter vivos 


JP/04/Abr/25



sábado, 15 de fevereiro de 2025

Sonhos e Realidades

 


Criada no supra mental

De jaez transcendental

Uma visão eclodiu

Um oásis reluziu 

No coração se fundiu

 


Na aurora esboçada

A aparição persistia

Amiúde renascia

Na esperança arreigada

Na hera enraizada


Lobrigar uma vinha

Sombria ou fria 

Logo entrevia

Um dia serás minha

Sempre em sinfonia 


Amor dos campos

Dos pirilampos

Atrativos granitos

Encantos tantos

Olhos acalantos


Ruralidades

Um odor que desperta

Uma palavra certa

Imaginação aberta

Intencionalidades


Divina claridade

Gerou criatividade

Arte de qualidade

Assim alimentada 

Obra consumada 


Já alicerçada.

Logo à chegada

Morria o velho eu 

Eclodindo no casaréu

Um novo velho eu


Na travessia deste rio

Nasciam novos genes

Pensamentos diferentes

Escolhas crescentes 

Fomos mais presentes 


Desta sincronização

Houve comunhão 

Amor e união

Vinte anos de paixão 

Gratidão 



JP/Fev/25





terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Bela e Singela

 


Bela e Singela



I

És tão bela

És luz singela

És a árvore

Cuidas dos teus rebentos

Novos,velhos e sarmentos


II

És tão bela

És luz singela

Cuidas dos vizinhos

Segues em frente

Cresces docemente


III

És tão bela

És luz singela

Tuas sementes

Sopros amorosos

Abraços silenciosos


IV

És tão bela

És luz singela

Teus frutos

Bênçãos divinas

Generosidades finas


V

És tão bela

És luz singela

Folhas amarelas

Doações em aguarelas


VI

És tão bela

És luz singela

Tuas raízes 

Escoras da vida

Mantém alma erguida


VII

Es tão bela

És luz singela

És a muito querida Manuela


JP/Natal 2024