A vida
é mesmo assim
De petiz privo com astenias
Que neutralizam galhardias
Condicionando porfias
E me subtraem melhorias
E jazo enfadonhamente triste
Tal como a chuva que persiste
E que por tanto tempo capriche
Inundando minha alma de piche
Acho frescor por alguns dias
Tentando acatar SEUS augúrios
Mas de azedias em azedias
Pairo sobre os meus murmúrios
Considero-me prisioneiro
Em sedoso laço traiçoeiro
De baraços morais e matreiros
Ora mui
amorais e vinagreiros
Vacilo entre adoção e negação
Surdindo ora em vórtices ventosos
Que aqui e ali viram rabiosos
Ou na paz turva desta amarração
Perante esta diária inquietação
Pese recolher solidarizarão
Sucumbo mil e uma vezes à tensão
Tolhido por tão dormente procissão
Vocifera então meu âmago
Perante tamanha judiação
Introduz no meu sarcófago
Uma pesada desconsolação
Interrogo-me vezes sem conta
Exacerbarei eu esta afronta?
Não raro visto a vestimenta
Noutras recuso a fardamenta
Sinto que a vida passa ao lado
E que de todo não é a minha
É antes uma simples gavinha
Não sei se o que falta é coragem
Se sou eu que de tão enjaulado
Me vergo a enfermiça vassalagem
Mas a vida é mesmo assim.
Segredo é dizer-lhe que sim
Aceitá-la como um festim
Pra se obter bom marfim
E chegarmos ao galarim
O que é difícil. Por fim
JP/Junho/2014